5 dos filmes de animação mais bizarros de todos os tempos

1 – Coonskin (1975)


Com um erotismo burlesco cheio de toques a la Looney Tunes e traços que denunciam as travessuras comuns das animações da época, o parte-liveaction parte-animado filme "Coonskin" abraça o intento bizarro da violência, enquanto é devastado pela controvérsia nas referências a todos os tipos de preconceitos, que até então eram bem conhecidos nos Estados Unidos da década de 1970.
O enredo, escrito e dirigido pelo aclamado Ralph Bakshi, gira em torno das figuras de um coelho afro-americano, uma raposa e um urso que usam seus esquemas mafiosos para crescer na vida criminosa no Harlem (Nova York), fugindo da polícia enquanto matam muitos inimigos em cenas de violência explícita. O filme inteiro parece ter sido projetado para ofender todas as audiências de alguma forma. Por exemplo, em um ponto, os três personagens conhecem um líder revolucionário negro que se chama "O Salvador Simples" e afirma ser um primo direto do "Jesus Negro", enquanto oferece aos seus seguidores o poder de matar brancos em troca de dízimos e doações.
Mais que isso, as ofensas se estendem a gays, partidários, mulheres (e sua inferioridade imposta), políticos, religiosos e muito mais. O próprio país entra em xeque através de vinhetas de uma mulher loira tida como Miss América – a personificação dos Estados Unidos, que seduz os homens negros para matá-los em seguida.

2 – Fehérlófia - Son of the White Mare (Filho da Égua Branca) (1981)


Esta animação, de Marcell Jankovics, foi, de fato, uma compilação da luta contra a censura característica dos movimentos marxistas daquele tempo, que, por sua vez, acreditavam que o tempo era algo irreversível. Isso forçou toda a concepção inicial do filme, focada na essência recorrente do tempo e do espaço, para ser reimaginado no mundo do folclore nativo.
Com uma sequência de imagens circulares que se entrelaçam em uma bela dança de cores e sons, Jankovics mais uma vez prova que ele conhece a influência das cores na mente e os efeitos sinápticos que elas causam ao longo de cada cena. A referência aos ciclos da vida, em alusão aos fatores naturais do Universo como o Sol, dia e noite, as estações etc., estão presentes o tempo todo.
A história começa como qualquer conto de fadas: "Era uma vez, em uma terra desconhecida distante, às portas do inferno, havia um carvalho alto. Ele tinha 77 raízes e 77 ramos. Nas 77 raízes ficavam 77 dragões. Nos 77 ramos sentavam-se 77 corvos". Fehérlófia é um dos três filhos de uma égua, cujos poderes são obtidos através de seu leite.
Inspirado por seu mundo interior, cheio de contos de como o reino foi destruído pelos dragões, ele decide ir em busca deles e vingar seus antepassados. No meio do caminho, encontra seus outros dois irmãos, lida com criaturas antigas e alcança o submundo dos dragões. Talvez a coisa mais incrível sobre este filme seja o fato de ele abraçar o "bizarro" sob uma perspectiva envolvente e totalmente despojada de escuridão.

3 – The Cosmic Eye (O Olho Cósmico) (1986)


Dirigido por Faith Hubley, "The Cosmic Eye" é outro desses filmes em que não se sabe muito sobre o que está acontecendo, ou seja, em que momento cada ato acontece em função da fluência do script. Sem aviso prévio, o público às vezes se encontra preso em mensagens expressas através de desenhos de crianças, às vezes em pinturas de algumas exposições de arte expressionistas famosas do século 20 que trazem um significado verdadeiramente profundo, como o próprio título sugere.
No entanto, não se trata de um filme infantil. Em vez disso, está cheio de imagens subliminares, algumas apenas vistas dentro de nossos sonhos mais íntimos (ou pesadelos). Uma animação cheia de mistérios, em um enredo envolto em simbolismo e teorias sobre como a Terra surgiu, as condições em que a humanidade vive hoje em alusão aos erros do passado, as diferenças entre raças e tribos e, claro, as possibilidades da humanidade para o futuro.
Afinal, o filme segue a linha extrassensorial onde os seres extraterrestres estão presentes nas especulações mais estranhas sobre a vida e a criação de tudo. Muitos deles aparecem perto de monumentos que recordam alguns dos nossos: moais da Ilha de Páscoa, figuras incas e maias, rituais indígenas antigos, caravelas coloniais e até mesmo astronautas fazem parte do show.

4 – Planeta Fantástico (1973)


Planeta fantástico é talvez o filme de estilo mais exclusivo da nossa lista. Isso ocorre porque, graças ao trabalho conjunto do ilustrador francês Roland Topor e do produtor chileno-francês Alejandro Jodorowsky, seu design visual bizarro com cores fortes e cenários surrealistas ganhou vida em um palco onde nenhum outro trabalho ousou se basear novamente. O próprio diretor, René Laloux, trabalhou apenas em algumas animações subsequentes (como "Gandahar", 1988, outro candidato forte para a nossa lista de bizarros animados), que ampliou o alcance da especificidade desse trabalho.
Com base na série de 1957 "Oms en série", do francês Stefan Wul, o filme começa morno, com o lento desenvolvimento da história do personagem principal, Terr. Ele é um bebê humano que vive em um planeta futurista chamado Yagam, habitado por criaturas humanoides azuis gigantes e de olhos vermelhos, chamadas Draggs. No enredo, é implícito como os seres humanos (chamados de Oms) chegaram lá e como se tornaram animais de estimação dos Draggs. Uma vez que sua mãe foi morta por adolescentes Draggs, o bebê é encontrado e adotado por uma menina Dragg e cresce aprendendo sobre a cultura de seus "donos". Em um ponto, Terr se vê forte o suficiente para fugir, juntar-se aos rebeldes Oms e lutar pela liberdade de sua espécie.
A partir daí, se inicia o show de chacina entre as duas raças, em meio a experiências científicas anômalas que os Draggs realizam com base em sua tecnologia e conhecimento avançados. O mais curioso é que as conexões com a vida humana, como a conhecemos, estão muito presentes no filme: hierarquias, preconceitos, opressão, destruição em massa, lealdade, esperança e unidade de forças são apenas alguns exemplos que se referem à psique humana. Para não mencionar a trilha sonora, talvez mais macabra do que as próprias imagens, com músicas tensas, cheias de horror e alucinações sensoriais.

5 – Midori-ko (2010)


A maioria dos filmes de animação, dependendo das técnicas utilizadas, levam anos para serem finalizados. Midori-ko, especificamente, levou 13 anos até seu lançamento; apesar da complexidade do design artístico, o traço é marcado por fundos negros de carvão que expressam toda a escuridão por trás da produção. Não é surpresa que venha de um dos mais renomados animadores independentes do Japão, Keita Kurosaka.
A história ocorre em uma versão alternativa de Tóquio cheia de pessoas mutantes em uma realidade pré-apocalíptica, onde vive a menina Midori. Ela lida com sua luta ideológica de não comer carne, enquanto enfrenta uma grave escassez de alimentos em seu país. Um dia, Midori se depara com um ser inteligente meio-planta, cujo rosto se assemelha ao de um humano, então chamado de "Midori-ko". Daqui em diante, o foco se volta para os devaneios de Midori para o mundo, seu bairro problemático, cientistas loucos e uma carnificina sem precedentes.
O filme evolui em estágios mais suaves (mas ainda negros), expressos essencialmente pela protagonista e sua causa. No entanto, à medida que a história avança, muitas partes do delírio e da bizarrice são adicionadas às monstruosas criaturas com traços e movimentos incomuns, às cenas de canibalismo explícito envolvendo plantas compostas por entranhas e órgãos animalescos, entre outros personagens que se assemelham a quimeras, palhaços e figuras aterrorizantes do imaginário popular.
Independentemente de tudo, 'Midori-ko" é um filme que, atemporalmente, marca um estilo único e pitoresco. Não é um filme infantil, nem mesmo suficientemente aceito por uma grande escala de adultos, mas pulsa entre o medo e a fantasia nunca imaginada. Tenha muito cuidado ao assisti-lo!
*Este texto é de autoria de Diogo Souza.

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